"Imagino uma escola, lugar de sonhos e fantasias, onde o corpo, faminto de SABER encontre o SABOR da descoberta, o prazer de aprender..."

( Rubem Alves)

o caso das bananas



















O caso das bananas


                                                                                    (Milton Célio de Oliveira Filho)

     Ao acordar, de manhã, o macaco deu pela falta do seu cacho de bananas.

    Procura aqui, procura ali e nada... Algum espertinho levara tudo.

    - FUI ROUBADO!

     A mata ficou agitada com a notícia. E logo, Dona Coruja, investigadora das mais afamadas, aceitou o novo caso.

CORUJA - Caro Macaco, para começar do começo, melhor a vítima. Primeiro diga-me: Há algum suspeito?

MACACO - Dona Coruja, abomino o preconceito, mas... Soube de um bicho estranho que veio de muito longe. Não é, pois destas bandas. Não duvido que tenha escondido as bananas na bolsa que trazia na barriga.

CORUJA - Hum!!! Tem caroço nesse angu, vamos então ouvir o...

CANGURU - Essa história já conheço. Só por ser um estrangeiro já viro logo suspeito. Pois digo, digo e repito: nesta mata há um tipo ainda mais esquisito, com um rabo bem fornido tal e qual uma lagartixa multiplicada por quatro.

CORUJA – Ora, agora eu me acho. É hora de interrogar o...

LAGARTO – Dona Coruja, eu não tenho nada com o pato. Mas... Tenho um palpite: quem tapeou o macaco vive muito bem na mata, com seu porte de madame e com seu casaco de pintas.

CORUJA – Palpite não conta. Mas não custa ir até a...

ONÇA – Dona coruja tenho cara de malvada, pois quando fico brava... Viro mesmo uma onça. Mas no fundo sou boa-praça. Não quero atirar pedra na vidraça do vizinho. Pense, pense um pouquinho: que bicho aqui desta mata poderia comer tantas bananas sem ficar engasgado? Só mesmo com um pescoço comprido, comprido como um gargalo... Um gargalo de garrafa.

CORUJA – Um gargalo de garrafa? Pois vamos até a...

GIRAFA – Das bananas nem sabia. Juro! Mas o maroto que as levou deve ser muito ladino, com um rabo bem peludo e bigode no focinho.

CORUJA – Ora, ora! Não posso perder a pose. Quero escutar sem muita prosa a...

RAPOSA – Minha cara Coruja sou famosa pela astúcia, mas... Meu negócio são galinhas. Vez ou outra umas uvas. E vou lhe dar umas dicas: pra mim o malandrão é o tal que ostenta uma juba e nunca, nunca perde a majestade.

CORUJA – Pelo sim, pelo não, vamos saber o que diz o...

LEÃO – só lambo o beiço por carne. Bananas? Arre! Nem de graça. Nós os gatos grandes ou pequenos, não nos damos com fruta nem mato. Pra resolver logo o caso, preste atenção na charada: Quem pode subir em árvores embora não tenha patas?

CORUJA – Como é duro o ofício! Porém, mãos à obra, é ora de ouvir a...

COBRA – Dona Coruja ouça: Tudo sobra pra cobra em dobro. Dizem que sou uma víbora. Mas no caso das bananas, creia, sou inocente. Sem querer ser venenosa, achar o larápio é fácil, com sua roupa listrada.

CORUJA – É preciso dar ouvidos a todos de “A” à “Z”. Pois então vamos até a... ZEBRA – No dia dos fatos eu estava fora a visitar o cavalo, que é meu contra parente. Mas pra mim está óbvio: Quem mais poderia agarrar o cacho de bananas sem ter uma grande tromba?

CORUJA – É hora de seguir adiante e conversar com o...

ELEFANTE – Dona Coruja, pouco uso minha tromba de uns tempos pra cá, pois ando só resfriado. Se quiser saber de tudo, consulte quem tudo viu e tudo vê lá do alto.

CORUJA – Agora a porca torce o rabo. Já me vou por ali pra encontrar...

BEM-TE-VI – Vi sim. E vi muito bem o Macaco acordar esfomeado no meio da madrugada. E comer uma, duas e até três bananas de uma única vez, até acabar com o cacho. Mais coitado, não sabia, pois enquanto comia, roncava.

CORUJA – O mistério chega ao fim sem muito pano pra manga. O meu compadre guloso pasmem... É ....SONÂMBULO

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