"Imagino uma escola, lugar de sonhos e fantasias, onde o corpo, faminto de SABER encontre o SABOR da descoberta, o prazer de aprender..."

( Rubem Alves)

RISCOS E RABISCOS: TRAÇOS E TRILHAS DO DESENHO


Gosto muito de pedir que as crianças registrem, através de desenhos, algumas atividades que desenvolvemos, passeios, leituras..pois neste registro acontece a apropriação de conteúdos, formas e personagens trabalhados nas histórias.


Ao desenhar a criança “materializa” sua imaginação, criando outras realidades.
A linguagem pictórica (desenhos), proporciona uma aprendizagem rica em desafios, respeitando a espontaneidade e a criatividade da criança, favorecendo informações sobre o mundo que a cerca, satisfazendo suas necessidades emocionais, sociais e físicas.


O desenho e a individualidade da criança

Desenho como parte da história coletiva e individual do sujeito, remete especialmente a um tempo de descobrimento, à infância. Companheiro de brincadeira da criança dentro e fora da sala de aula, esse componente lúdico de experiências de vida é observado especialmente na fase que acontece o ingresso da criança na escola.
Sabemos que atualmente, graças a teóricos como Piaget, Vigotsky e Wallon, que a criança aprende a partir das múltiplas interações que estabelece com o meio sócio cultural, que a aprendizagem se dá por meio da relação com o outro, que nessa caminhada para o desenvolvimento há sempre um espaço para o imprevisível, o inesperado, a perplexidade e que não existe uma linearidade no desenvolvimento do ser humano. E é participando, ativamente, de uma comunidade educativa, que as crianças possuem a oportunidade de estabelecerem inúmeras trocas com outras crianças, com adultos e com instrumentos culturais como livros, obras de arte, brinquedos e brincadeiras, objetos, a observação do mundo real, etc. Portanto, é a partir de suas relações com o que a criança vai se apropriando das significações socialmente construídas, permitindo que compreenda as formas culturais de se perceber de estruturar a realidade.
Aprende-se por meio de uma multiplicidade de linguagens. Brincando, falando, escrevendo, lendo, construindo coisas, explorando o mundo, desenhando, se expressando, sensibilizando, imaginando, criando e recriando.
O professor precisa conceber o processo criativo da criança como elemento de cultura, como atividade construída socialmente que oferece a possibilidade de criar e recriar a cada nova produção a realidade que a cerca, devendo colocar as crianças em contato com materiais diversos da cultura contemporânea, com o belo, com a capacidade de apreciar o que se tem para ver o mundo.
Nessa fase, as crianças estão desenvolvendo funções mentais bastante elaboradas, estão ampliando sua visão de mundo, bem como a percepção do cotidiano. Os desenhos carregam uma relação estreita com as emoções mais sinceras, as crianças desenham seus desejos, seus sonhos, seus medos. Fazem de espaço criativo um construir e reconstruir da imaginação e da memória afetiva.
As formas construídas e determinadas individualmente pelas crianças ajudam a estruturar uma identidade bastante peculiar de como cada uma constrói seu grafismo. Ao mesmo tempo em que precisa de referências e orientações, precisa ainda mais de liberdade de ação e reflexão.
Por, isso um ambiente que proporcione desafios a essas mentes criativas é de imenso valor e pode auxiliar a criança nesse percurso, no qual ela se utiliza dos recursos simbólico do meio artístico para construir representações significativas especificas que só a arte é capaz de proporcionar.
A arte trabalhada com crianças visa favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças, trabalhando de forma integrada seu pensamento, sensibilidade, imaginação, percepção, intuição e cognição.
O desenho infantil invade vários campos do conhecimento: mostra conhecimentos matemáticos (simetria, tamanho, quantidade), históricos (arquitetura, noções de tempo, etc.).
Sendo assim, a arte constitui um processo no qual a criança reúne diversos elementos de sua experiência visando formar um novo significado para tudo que vê, sente e observa. A criança aprende, representa e utiliza conhecimento de muitas formas e maneiras.
O professor pode abrir uma serie de diferentes janelas para a criança. Ensinar lembrando sempre que o conhecimento é algo construído e reconstruído no contato com as experiências, com outros espaços, outras pessoas, focalizando seu olhar para o desenho, como uma situação privilegiada de aprendizagem infantil, em que o desenvolvimento pode alcançar níveis cada vez mais complexos de interpretação, decodificação e atuação em seu meio, de apropriação de conhecimento e da construção de seu próprio conhecimento.
Podemos destacar, do ponto de vista do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças, inúmeras conquistas e vantagens sociais, cognitivas e afetivas advindas por meio do desenho:
• Desenvolvimento intelectual, afetivo e social;
• Estimulo à exploração do universo imaginário;
• Mobilização para o interesse pelo outro e pela cultura;
• Permissão à criança trabalhar suas percepções sentimentos e pensamentos;
• Possibilidade de comunicação, tanto interpessoal como intrapessoal;
• Capacidade de perceber e significar o mundo que a rodeia;
• Acervo de imagens na memória vai fornecer mais material bruto para a criação;
• Resolução de problemas por meio da imaginação criadora.
Diante de tudo isso que foi exposto até aqui, fica clara a intensa relação que existe entre o desenho e a possibilidade de aprender. A possibilidade de transformar ludicamente, a aprendizagem proporciona às crianças um canal competente e exclusivo para abordar significados importantes e complexos, uma vez que nessa faixa etária a expressão pictórica explica melhor o contexto de cada criança do que a própria linguagem verbal. Daí a importância de oportunizar à criança muitos momentos de expressão nas diferentes linguagens.
Toda criança em algum momento pede papel e lápis para desenhar. Toda criança desenha. Mesmo que não esteja dotada dos meios necessários para tal, a criança busca outros instrumentos, para deixar, nas superfícies, o registro de suas idéias, suas vontades, suas fantasias e seus gestos: se não tiver papel, pode ser na terra, na parede, nos muros, nos móveis, se não tiver lápis pode serve um giz, uma pedra, cacos de tijolos, carvão, tinta.
O lúdico na linguagem pictórica envolve o expressivo, o sensível, o estético e introduz a criança na esfera do artístico. O resultado dessa atividade expressiva pode variar de rabiscos, bolinhas e manchas disformes, até a identificação de uma casinha, mas dificilmente será uma transposição fiel da realidade, ou seja, o desenho não é uma cópia do real, mas sim uma representação do real.
O desenho infantil traduz o grau de maturidade da criança, seu equilíbrio emocional e afetivo, seu desenvolvimento motor e cognitivo. Poucos adultos conseguem perceber o quanto o desenho infantil pode ser revelador.
Desenhar só se aprende desenhando. Se por um lado o ato de desenhar é espontâneo e uma necessidade motora, por outro lado são gestos, construídos e imitados de cultura, reelaborados, inventados.
O grafismo é o meio pela qual a criança manifesta sua expressão e visão do mundo, o exercício de uma atividade imaginária, que se relaciona a um processo dinâmico, em que a criança procura representar o que conhece e compreende. Pode ser o desenho infantil um meio de compreensão da realidade, é um valioso instrumento para a construção de conhecimentos, pois mostra um produto resultante da imaginação e atividade criadora da criança.
Para que se construa um espaço de criação dentro da escola, o professor necessita vivenciar suas próprias descobertas, aventurar-se a aprender sempre, para saber valorizar as criações espontâneas das crianças e ajudá-las a desenvolver conhecimentos que a façam avançar no seu processo de criação. O educador precisa reconhecer a arte, mais especificamente o desenho infantil, como atividade integradora da personalidade da criança, estreitando a relação dela com o seu próprio corpo, suas emoções, conceitos, sua intuição e percepção, pois o ato criador surge essencialmente num processo simbólico e estabelece novas relações com a realidade cognitiva e emocional.
Este é o grande desafio do professor: a clareza da contribuição da arte no processo educativo e criativo, cuja aprendizagem no âmbito prático e reflexivo se dá por meio da articulação dos seguintes aspectos: o fazer artístico, a apreciação e a reflexão. O desenvolvimento da capacidade artística e criativa deve estar apoiado na prática reflexiva das crianças ao aprender, articulada à ação, percepção, sensibilidade, cognição e imaginação.
Quando desenha, a criança se utiliza de imagens que nascem da observação, da memória e da imaginação. Poderíamos relacionar a observação com o presente, a memória com o passado e a imaginação com o futuro.
A criança não esquece nada do que é significativo, assimila tudo o que vê e o que vivência. A vontade de conhecer e aprender impulsiona a assimilação e a retenção das informações. A memória também proporciona o ato criativo, esta resgata lá do “fundo do baú” os pensamentos, que se tornam novos repertórios para novas associações. A memória é aliada a imaginação.
Wallon concebe a imaginação e a sensibilidade como articuladores do conhecimento, por meio dos quais a criança se apropria de experiências e imagens. Segundo o autor, “a fantasia é constituída sempre com material retirado do mundo real, ou seja, a imaginação se encontra em relação direta com a riqueza e a variedade da experiência acumulada diretamente pelo homem. Quanto maior for a experiência do mesmo, maior será as suas possibilidades para imaginar”. (1971, p. 18).
No ato de desenhar está subentendido uma conversa entre o pensamento e a ação, entre o que está interno e o que está externo, onde a percepção e a sensibilidade representam as janelas para o mundo. A visão também é uma janela aberta, que permite a transposição entre os fios que articulam o processo criativo: a observação, a memória e a imaginação.

O desenho e o desenvolvimento da infância

Compreender o percurso expressivo da criança é um trabalho estimulante. As oportunidades oferecidas, as ações educativas intencionais, os valores culturais, a visão processual e orgânica dão um colorido de forma singular nas produções e concepções artísticas das crianças. Todavia, os estudiosos desse desenvolvimento têm percebido que mesmo em cenários e épocas diferentes certas semelhanças mostram aspectos fundamentais que são comuns.
O importante nesse processo é o educador ampliar o olhar para além dos padrões e procurar ver as crianças pelo que elas têm não pelo que lhes falta. Desenhar não é uma tarefa das mais fáceis para as crianças, porque não é um fazer sem conseqüências ou aleatório; mesmo que seja pelo simples prazer do gesto como podemos observar nas primeiras marcas que as crianças deixam no papel.
O trabalho com a linguagem do desenho requer profunda atenção no que se refere ao respeito à individualidade e esquemas de conhecimento próprios a cada criança. O pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a percepção e a intuição da criança devem ser trabalhadas de forma integrada, visando favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças.
Por meio dos desenhos a criança não só demonstra seu mundo interior, seus conflitos, seus receios, suas descobertas, suas alegrias, suas tristezas, suas emoções, como os trabalha. No ato de desenhar, pensamento e sentimento estão juntos. O desenho como possibilidade de brincar e de comunicar marca o desenvolvimento da infância.
Percebendo a diversidade de ênfases de várias teorias, tentaremos compor um pano de fundo para nutrir a construção da leitura sobre o ser expressivo da criança, estabelecendo paralelos entre as teorias, sem o pressuposto de enfatizar um ou outro aspecto, sem enfatizar o desenvolvimento do desenho infantil.
O desenho pode ser entendido como um traço, um risco, um rabisco sobre uma superfície. Coisa de lápis e papel. No processo da leitura, com domínio da mão e do olhar, o desenho é expressão e projeto, ou melhor, uma tensão entre os dois termos - risco pensado pela mão tateado pelo pensamento. Começa assim o movimento da ação, pesquisa do exercício.
Quando a criança pega no lápis e descobre seus registros, começa a rabiscar obsessivamente até desgastar toda a ponta do lápis. Sua criação focaliza a própria ação, o exercício, a repetição. A expressividade apresenta num primeiro momento a ação, voltada à pesquisa e ao exercício do ato. Esse período inicial do desenho pode ser definido como uma atividade motora, um jogo de exercício, em que a criança vai expressar gestos motores amplos.
DERDYK (2004, p. 56) destaca que “permanência da linha no papel se investe de magia e esta estimula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer, o que significa uma intensa atividade interna, incalculável por nós adultos”.
Com isso, a repetição de gestos ocasiona a produção de diferentes resultados descomprometidos de figuração; no entanto, à medida que a criança faz a associação de gestos e traços, desenvolve sua atividade mental.
Durante o ato de desenhar, as crianças visualizam as formas em meio ao seu rabisco, mostrando a sua própria experiência individual. Desse modo, inserção da mão, olho e cérebro, evidencia a capacidade de imaginar e suas projeções concretizam a maravilhosa experiência de existir.
A criança, vê, sente, escuta, cheira, movimenta-se, pensa, age, expressa-se e desenha com o corpo, sorri e canta com o corpo todo. O corpo é ação, é pensamento.
No momento que se desenha, a criança imprime suas marcas no papel de uma forma espontânea e em diversas direções, isso ocorre porque ele ainda não tem o domínio de proporção sobre o papel. A criança explora livremente o espaço do papel, não por motivos estáticos, mas por prazer cinético (ato de movimentar). Ela descobre que os riscos são feitos por ela própria e começa a se concentrar na atividade com interesse renovado, passando a controlar seus rabiscos.
A criança não é uma produtora de signos, de forma consciente. Entretanto, como faz parte de um mundo inserido de cultura, convive, sente, reconhece e repete os símbolos do seu entorno, já é leitora e imitadora de símbolos. A imitação é uma forma de importante de aprendizagem.
Assim como imita tudo que vê, e considera interessante, a criança imita a ação adulta de riscar no papel. Seu interesse está no gesto que imita com muito prazer, e não na intenção daquilo que o adulto está fazendo. Imita ação, o agir, o escrever, o desenhar. O importante á a própria ação que imita.
A repetida exploração e experimentação do movimento ampliam o conhecimento de si própria, do mundo e das ações gráficas. Muito antes de saber representar graficamente o mundo visual, a criança já o reconhece e identifica nele qualidades e funções. É a famosa fase dos rabiscos. Quando bem pequena as crianças desenham e pintam com todo o corpo. Elas vão inteiras, totais, sentindo o material e maravilhando-se com sua produção. Pura magia!
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no inicio, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. A função simbólica é o centro do processo de ensino e aprendizagem, seja ela formal ou informal. A criança constrói seus símbolos.
O desenho vai da ação até a representação na medida em que evolui da sua forma de exercício sensório-motor para a sua forma segunda de jogo simbólico. O desenho entra na categoria de jogo simbólico ou imaginário quando permite à criança exprimir um pensamento individual.
O ponto de partida para o desenvolvimento do desenho, da expressividade, do seu fazer artístico, é o ato simbólico que permite reconhecer que os objetos persistem independentes de sua presença física e imediata. Operar no mundo dos símbolos é permanecer e interpretar elementos que se referem a alguma coisa que está fora dos próprios objetos. Os símbolos representam o mundo a partir das relações que a criança estabelece consigo mesma, com as outras pessoas, com a imaginação e com a cultura.
No decorrer da simbolização, a criança incorpora progressivamente regularidades ou códigos de representação das imagens do entorno, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para imprimir o que se vê. Começa, assim, um movimento: ação-pesquisa-exercicio-intenção-simbolo. Surge a intenção de simbolizar no desenho o que deseja. Nesse movimento, a criança preserva a intenção inicial do desenho, após a finalização do desenho. É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade.
Esse período se caracteriza pelo desenvolvimento da capacidade pelo desenvolvimento da capacidade de representação, em suas diferentes manifestações: a imitação, o brinquedo, a imagem mental, o desenho e a linguagem verbal. São representações sobre representações. Por meio dessas ações e das diferentes formas de linguagem, representa objetos e as ações sobre eles, representando também seus conceitos.
No modo simbólico, a representação centra-se no manejar e constituir o símbolo em si. Não há preocupação com a organização das cenas no papel, seus desenhos parecem soltos no espaço. As cenas se expressam por meio da fala, da historia que a criança conta de seu desenho. Muitas vezes parecem existir dois desenhos, o que está traçado no papel e o que a criança verbaliza. Muitas vezes, a criança chega a movimentar a folha para contar sobre o desenho que realiza. Quanto às cores, também não existe um vinculo com a realidade, elas são utilizadas mais pela aparência visual, não simbólica. A dimensão é afetiva não visual.
Para Vygotsky, a criança é um ser social que interage na complexidade de relações constituidoras de suas funções psicológicas. As crianças estão mais preocupadas com a realidade; são mais simbolistas que realistas e, assim, desenham de memória, mesmo com o objeto a sua frente. A criança desenha pensando e, por isso, suas experiências anteriores têm tanta importância; relacionas as construções imaginativas à quantidade de experiências acumuladas pelo sujeito-criador.
Dessa forma, a imaginação e a realidade cotidiana, mediadas pela linguagem, fundem-se na composição o desenho daquilo que a criança conhece. Os desenhos são, então, signos constituídos pelas interações sociais.
A representação da figura humana cria vínculos de identidade profundos. A necessidade de buscar a si mesmo, definindo a sua imagem e sua figura no mundo, expressa-se na insistência natural que a criança tem de desenhar figuras humanas.
A criança começa a diversificar as formas por meio da diferenciação de tamanho daquilo que entra na composição de seus desenhos, de orientação e de cor, bem como pela inclusão de detalhes, de combinações novas e de ações entre as formas. No modo simbólico de estar no mundo, proporcionamos às crianças a possibilidade de inventar, de construir novas relações, de criar a partir de suas idéias. Há uma ótica pessoal de ver, pensar e sentir o mundo.
Na continuidade da ciranda de construção da linguagem expressiva da criança, os movimentos aprimoram-se para a ação, pesquisa, exercício, interação, símbolo, incluindo nesse momento a organização e a regra. Agora a criança tem a intenção de buscar o que parece verdadeiro, vai ocorrendo cada vez mais a aproximação do real e a preocupação com a semelhança do objeto no seu processo criativo, procurando convenções e regras com certa exigência.
Depois da descoberta e das invenções de seus próprios símbolos, a criança e a expressividade são dominadas pelo desejo de registrar tudo. As respostas gráficas que a criança encontra, a criação de novas relações, são algumas peripécias criativas que a criança vai produzindo para registrar o que vê, intui, imagina e sabe.
A criança passa a explorar expressividade no desenho, começa a criar cenas com os objetos, cria uma ligação entre as formas desenhadas e sua disposição no papel.
É nesse movimento notacional que a criança estrutura o sistema de representação do desenho, diferenciando e coordenando as representações de forma, espaço e cor. Na execução da linguagem pictórica, começa a aparecer o interesse por representar as proporções e as distâncias entre os objetos, a organização das formas criadas em uma cena, ampliando as relações minuciosas para todo o espaço gráfico.
O momento expressivo agora apresenta mais autocrítica na comparação entre o real, a imaginação e a produção. A escolha da cor também obedece à regra e à organização. As imagens devem ter a cor da realidade, e as convenções ditam as regras. Verifica-se também, nesse momento, a incorporação de um intrigante procedimento por parte das crianças: o uso da linha base, ou seja, a criança traça uma linha definindo a base sobre a qual serão apoiados os objetos e figuras do desenho. Ampliam-se as possibilidades de expressão da criança, para interpretar, improvisar e compor sua produção.
O desenho constitui um processo no qual a criança reúne diversos elementos de sua experiência visando formar um novo significado para tudo que vê, sente e observa o que demonstra que a habilidade em desenhar um determinado objeto, dependerá do tempo e da prática que a criança possui em desenhá-lo; logo sua habilidade gráfica geral será ampliada.

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